3. Objetivos, Pressupostos e Perspectivas
Objetivos
- Desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão baseadas nas premissas dos estudos da deficiência de matriz feminista, antirracista com letramento anticapacitista e em uma perspectiva emancipatória da deficiência que considere a interseccionalidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade, todas elas implicadas e comprometidas com o aprimoramento das políticas públicas para pessoas com deficiência e com os ativismos defiças.
- Difundir os estudos da deficiência e a legislação brasileira sobre a deficiência para as pessoas com deficiência inseridas em diferentes comunidades e contextos de ativismo político, com vistas a promover a emancipação social.
- Produzir conhecimentos e práticas de acesso coletivo voltados à ampliação da participação e promoção do senso de pertencimento de estudantes com deficiência no ensino superior, considerando as dimensões relacional e interseccional da deficiência.
- Formar profissionais eticamente comprometidos com o desenvolvimento de pesquisas e práticas profissionais voltadas à garantia da participação das pessoas com deficiência em diferentes contextos sociais, desde uma abordagem crítica e engajada que promova e com a emancipação desse grupo social.
Pressupostos:
Baseado nos estudos da deficiência, nos estudos feministas negro, interseccional e decolonial, na justiça defiça e na teoria crip, temos como pressupostos ético-políticos:
- A deficiência é uma experiência interseccional, política e relacional fortemente marcada pela opressão capacitista que, com base nos ideais corponormativos de capacidade e aparência, perpetua a construção de ambientes com barreiras que obstaculizam a participação social das pessoas com deficiência.
- O caráter relacional da deficiência constitui essa experiência que pode ser marcada tanto pela opressão ou desigualdade quanto, a depender do contexto social, pela diferença, esta última como produtora de pertencimento, potência e coalizão, ou seja, a deficiência só toma sentido no contexto das demais características do sujeito que a possui.
- A deficiência é uma categoria de análise que, na intersecção com outras como gênero, classe, geração, raça, etnia, região e religião, etc., é constitutiva do sujeito. Considerá-la dessa forma amplia o potencial político e analítico das pesquisas e das políticas voltadas à população com deficiência.
- O capacitismo, ao posicionar pessoas com deficiência com base em ideais corponormativos como hierarquicamente inferiores, corrobora para a manutenção do privilégio daquelas capacidades consideradas superiores e ‘aptas’ para a reprodução do sistema capitalista neoliberal.
- Para o NED, as pessoas com deficiência devem participar ativamente das atividades de ensino, pesquisa e extensão, a serem desenvolvidas não só na condição de sujeitos, mas também de pesquisadoras/es e de promotoras/es na difusão dos conhecimentos produzidos.
- Difundir narrativas múltiplas/diversas/plurais da deficiência é uma estratégia política com o potencial de fissurar o capacitismo, presente amplamente em vários setores da sociedade brasileira.
- Construir um mundo anticapacitista, onde os tempos, espaços e formas de se relacionar considerem a presença da deficiência e estejam configurados para garantir a participação de coporalidades e sensorialidades múltiplas.
Perspectivas:
- Difundir os estudos da deficiência e a legislação brasileira sobre a deficiência no ensino (graduação e pós-graduação), na produção de conhecimentos comprometidos com as lutas anticapacitistas e nas atividades de extensão universitária.
- Produzir pesquisas voltadas à identificação das condições de vulnerabilidade das pessoas com deficiência, no intuito de subsidiar políticas públicas nas áreas da educação, saúde, assistência e direito.
- Desenvolver pesquisas que permitam o avanço de conceitos centrais desse campo, tais como estigma, estereótipo, identidade, acessibilidade, diferença, capacitismo, entre outros.